1º Encontro de Quilombos, EMÍDIO ACDHAM participou ativamente do 1º Encontro de Quilombos, realizado no Museu de História Natural de Mato Grosso, em Cuiabá-MT, no ano de 2025.
O evento foi promovido pelo Instituto Ecoss – Ecossistema e Populações Tradicionais, por meio de emenda parlamentar do deputado estadual Dr. Lúdio Cabral (PT-MT).
O encontro contou com a presença de importantes lideranças quilombolas do Estado de Mato Grosso, entre elas: Sr. Eliseu Xunxun, Abel Faria, Profª Maria Helena, Profª Luciana França, Emídio de Souza (ACDHAM), Maria Patrícia, além do Procurador da República Dr. Ricardo Pael e sua assessoria do MPF em Mato Grosso.

Também estiveram presentes representantes das secretarias de Cultura, Saúde e Educação. A troca de informações entre os participantes fortaleceu as reivindicações apresentadas durante o evento estadual, especialmente a necessidade de concessão de estudos antropológicos e a garantia de recursos no orçamento da União, com o objetivo de efetivar a regularização fundiária plena dos territórios quilombolas em Mato Grosso.
Atualmente, muitas famílias quilombolas não têm condições de permanecer em suas comunidades tradicionais. Diversas foram expulsas de suas terras nas décadas de 1970 e 1980 e hoje vivem nas periferias das grandes cidades, aguardando a reparação histórica por parte do Estado e da União.

Emídio destacou a importância da mobilização política nas eleições de 2026, defendendo a eleição de ao menos um deputado federal quilombola em cada estado brasileiro, para garantir a destinação de recursos e o avanço dos processos fundiários.
Remanescente do Quilombo Morro do Kambambi, Emídio é um dos fundadores da Associação da Comunidade Negra Bocaina do Aguaçu – Morro do Kambambi, localizada no distrito de Água Fria, município de Chapada dos Guimarães (MT).
Porém, como as terras ainda não foram demarcadas, muitas famílias quilombolas são impedidas de viver da agricultura familiar e acabam obrigadas a se estabelecer em Cuiabá, Várzea Grande e outras cidades.
Emídio é Diretor-Presidente da ACDHAM (Associação Comunitária de Habitação do Estado de Mato Grosso), instituição que atualmente assiste mais de 72 mil famílias sem teto que vivem nas periferias das grandes cidades, defendendo o direito à moradia digna.

Grande parte dessas famílias é composta por quilombolas que sofrem com diversas formas de exclusão e dificuldade de acesso a emprego e educação — muitos sequer possuem CEP, o que dificulta a inscrição em processos seletivos, programas sociais e cursos universitários.
Dos 100 primeiros alunos quilombolas incluídos na UFMT com o apoio da ACDHAM, muitos precisaram alugar quitinetes em bairros com CEP regularizado para garantir sua permanência nos cursos de nível superior.
Emídio lamentou que, das 92 comunidades quilombolas tradicionais de Mato Grosso já reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares, apenas 15 possuem estudos antropológicos em andamento, e somente uma está em fase de indenização de terras ocupadas por latifundiários — posse concedida pelo INTERMAT, órgão do Governo do Estado de Mato Grosso.
Essas terras, originalmente pertencentes à União e ocupadas há séculos pelos quilombolas, foram transferidas ao Estado após a democratização de 1969, quando a União repassou ao INTERMAT o domínio das terras públicas.
O órgão, então, concedeu permissões de uso a apadrinhados políticos, que contrataram agrimensores e jagunços armados para expulsar os negros remanescentes de suas terras — episódio que marcou uma das maiores migrações do êxodo rural para as periferias urbanas.
Emídio Antônio de Souza, Diretor-Presidente da ACDHAM, faz um apelo por justiça e afirma:
“O Estado de Mato Grosso tem uma *dívida histórica* com o povo negro quilombola.”
